sábado, 17 de março de 2012

Em feira de ciência, casa feita de garrafa PET é apresentada como alternativa de baixo custo

Leandro Moraes/UOL em 14/03/2012
  • Fernando Souza,Thainá Santa Rosa e Maria Aparecida Santos substituíram os blocos por garrafas PET
Fernando Souza,Thainá Santa Rosa e Maria Aparecida Santos substituíram os blocos por garrafas PET.

Quatro mil garrafas PET, argamassa, alguma madeira de demolição e telhado de fibras naturais. Essa foi a receita da casa ecológica apresentada na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) por estudantes do CETEP (Centro Territorial de Educação Profissional) de Ribeira do Pombal (BA). O evento começou nesta terça-feira (13), em São Paulo.

Os alunos do curso técnico de edificações Maria Aparecida Santos, 17, Fernando Souza, 18, e Thainá Santa Rosa, 17, construíram uma casa de 9 m² substituindo os blocos por 4.000 garrafas de plástico preenchidas com areia. O custo total foi de R$ 1.822, incluindo telhado, porta, janela e argamassa.
“[Esse tipo de casa] é de 40% a 60% mais barata que uma de bloco. É uma alternativa para construção de moradia de baixa renda”, diz a professora Maria José Silva Almeida, que orientou o projeto.
Segundo Thainá, além das vantagens ecológicas, de diminuir o número de lixo do aterro sanitário e, com isso, facilitar a decomposição do lixo orgânico, a casa oferece isolamento térmico. A estudante conta que a casa foi levantada em duas semanas por sete meninas e três meninos do curso, com o apoio técnico de alguns pedreiros.
A inspiração veio do incomodo com o lixo de garrafas PET e com uma casa que encontraram na Internet. A casa que serviu de inspiração, porém, tinha 46 m² e usou 2.800 garrafas de plástico. “As paredes foram montadas com mais concreto e havia maior distância entre as garrafas”, conta Souza.
A feira
Não são apenas robôs e experimentos químicos que ocupam os corredores da feira. Propaganda nazista, Caetés (primeiro romance de Graciliano Ramos) e cartas de alforria foram temas de alguns trabalhos científicos apresentados na feira. “No Brasil, as pessoas pensam que ciências são apenas ciências naturais. A ideia é que o estudante aprenda a fazer um trabalho cientifico, e há muitas áreas a serem exploradas”, avalia Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral da Febrase.
Além das ciências humanas, os projetos estão divididos em outras seis categorias: ciências exatas e da terra, ciências biológicas, ciências da saúde, ciências agrárias, ciências sociais e aplicadas e engenharia.
Há dois métodos de seleção: o primeiro é por meio de submissão direta dos autores; o segundo é por meio de 54 feiras de ciências afiliadas à Febrace. Há projetos científicos de todos os Estados brasileiros.
Dentre os 750 estudantes que estão participando, 70 vão receber uma bolsa de iniciação cientifica do CNPq, que pode ser para continuar o mesmo projeto ou para iniciar outra investigação, conta Lopes.
Além do orientador de sua escola, o estudante deverá procurar a orientação de um professor de uma universidade ou de um centro de pesquisa.

Edição do ano que vem
Quem quiser participar da edição do ano que vem, as inscrições para novos projetos vai até 29 de outubro pelo site da Febrace. A divulgação dos finalistas vai ser no dia 18 de dezembro de 2012.
A feira de 2013 acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de março, e as cerimônias de premiação serão nos dias 15 e 16 de março.

Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia)
QUANDO: de 13 a 15 de março
ONDE: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP)
MAIS:
www.febrace.org.br