sábado, 16 de abril de 2011

Saiba como se tornar (mais uma) celebridade da internet

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

Quer ser uma estrela da internet? Então você precisa mandar bem. Ou bem mal.

Rebecca Black é prova disso. A norte-americana de 13 anos tinha um sonho: virar uma cantora de sucesso.

Sua mãe pagou para ver. Deu US$ 4.000 para uma produtora fazer um videoclipe estrelado pela filha
.
A pegajosa "Friday" foi parar na internet. Em poucos dias, os cliques no YouTube dispararam feito foguete.

Rebecca virou a piada mais lucrativa da web ao entoar versos como "preciso comer cereal" e "amanhã é sábado, domingo vem depois".

No Brasil, a adolescente tem uma fã linda. Absoluta.

Não à toa: a trajetória de Stefhany Absoluta, 19, tem pontos em comum.

Em 2009, ela virou hit virtual ao cantar enquanto dirigia um CrossFox e dançava que nem Beyoncé em "Single Ladies". Calcula ter gasto R$ 3.000 com o vídeo, também bancado pela mãe.

A fama de ícone trash? "Nem ligo", diz Stefhany.

BINGO!

O estrelato virtual funciona como um bingo: nunca se sabe quem será a bola da vez.

Mas não é apenas uma questão de sorte. As histórias de quem emergiu da internet são de
muita ralação e, principalmente, bastante contato com as redes sociais.

"Ficávamos horas em Fotolog, Orkut e Twitter, divulgando e convidando as pessoas para futuras apresentações", diz Pe Lu, vocalista e guitarrista do Restart.

Fazer tipo é outra dica.

Com suas roupas chamativas, Torino, 22, encarna uma espécie de "lorde Gaga".

"Uso uma tonelada de figurinos supertrabalhados, que fazem toda a diferença nos meus shows", diz o aspirante a estrela pop.

E, é claro, divulgar, divulgar e divulgar. Lição que Mia, vocalista da CW7, aprendeu.

"Achávamos que bastava lançar música no MySpace. Mas o mercado é tão concorrido que empresários não se interessam por banda nova."

A solução foi correr atrás dos seguidores até que a CW7 "naturalmente chamasse a atenção". Gol.
Editoria de Arte/Folhapress
Folhateen
ABSOLUTA
Alessandro Shinoda/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 06-04-2011 12h51: A estudante Stefhany Absoluta, 19, em sua residência. (Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress, FOLHATEEN
"STEFHANY ABSOLUTA, a nossa Rebecca Black." A brasileira ouve isso direto. A fama de Stefhany começou a bordo de um CrossFox. A de Rebecca, com "Friday", apelidado de "pior videoclipe do mundo". As duas viraram símbolo da cultura trash. Stefhany não dá bola para o rótulo. Sobre Rebecca: "Adoro! Acho muito inteligente. Só que é mais adolescente". A americana recebeu comentários horríveis ("até os surdos reclamam da sua música!"), mas já superou Lady Gaga no YouTube. A brasileira, de boba, também não tem nada. Enquanto a galera zoa, ela engorda a conta bancária. E tudo começou com vídeos que ela gravava na câmera digital com ajuda da mãe. Sucesso. Absoluto.

COLORIDOS
Leticia Moreira/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 14.12.2009, 17h00: Música: os garotos (da esq. para dir.) Koba, 17, Thomas, 18, Pe Lanza, 17, Pe Lu, 18, da banda Restart, posam para foto. (Foto: Leticia Moreira/Folhapress, FOLHATEEN)
O ROCK COLORIDO do Restart seria mais cinzento sem a internet. Vira e mexe, Família Restart e detratores do grupo se engalfinham por lá. Quando Lobão chamou a banda de "aberração da natureza", os fãs caíram em cima -e o assunto bombou no Twitter. Essas polêmicas fazem o Restart crescer. Outra dica é viralizar uma marca. A deles é o clássico "coraçãozinho com a mão". O guitarrista Pe Lu não sabe a origem da mania. Mas comemora: "Funcionou!"

LORDE GAGA
Divulgação
Divulgação - cantor Torino, 22, apelidado de Lorde Gaga
TORINO, 22, troca de roupa várias vezes durante um show. Parece ter feito compras nas mesmas lojas que Lady Gaga. Ele reconhece o poder da imagem. "Consegui ganhar destaque pelo segmento da moda, pois uso uma tonelada de figurinos supertrabalhados"

Criar um tipo foi seu truque para se destacar na web. "No dia a dia, sou uma pessoa normal.

Mas com o tempo acho que eu vou ter que vivenciar esse personagem o dia todo."