terça-feira, 7 de julho de 2009

Cheiro de terra molhada é obra de bactérias? Substância produzida por um tipo de micro-organismo, em contato com a água, gera esse aroma.

O dia está quente e, de repente, cai aquela chuva para refrescar. Bastam as primeiras gotas tocarem o solo para sentirmos aquele agradável cheirinho de terra molhada. Um cientista diria: “Huumm, como é bom esse cheirinho de... Bactérias!”. É isso aí! O aroma que sentimos vem desses seres microscópicos, que podem ser muito úteis para humanos e até para os... Camelos!
Em geral, associamos bactérias a doenças, mas alguns desses seres são inofensivos, pode crer. Esse é o caso da Streptomyces coelicolor, bactéria que vive no solo e fabrica uma substância chamada geosmina. É a tal geosmina, ativada pela água ou pela umidade da terra, que nos faz perceber o cheirinho de terra molhada. Além de ser excelente produtora de antibióticos – medicamentos indicados para combater algumas doenças de origem bacteriana –, essa bactéria é, digamos, uma aliada dos camelos. O odor característico que elas produzem em razão da umidade ajuda os camelos a encontrarem água no deserto. Claro que para sentir o cheirinho produzido pelas bactérias em ambiente tão seco os camelos precisam contar com um superolfato.

E contam mesmo! Graças a esse sentido aguçado, são capazes de encontrar água a mais de oitenta quilômetros de distância. Isso é que é faro! Enquanto bebem a água e saem pingando, os camelos não fazem ideia, mas dão uma forcinha para as bactérias. É que dessa forma eles espalham os esporos – estruturas produzidas pelas bactérias que vão permitir que elas se reproduzam em outro lugar, algo indispensável para a existência dessa espécie de micro-organismo.

Aposto que agora, ao ver um filme com camelos e desertos ou ao passear num jardim molhado e sentir o cheirinho de terra, você se lembrará que existem também bactérias do bem. Então, ajude a espalhar essa boa notícia. Afinal, se não fossem esses micro-organismos, os camelos poderiam morrer de sede. Já pensou o mundo sem esses curiosos animais?

Andreza Moura Pinheiro da Silva Instituto de Microbiologia e Imunologia Universidade Federal do Rio de Janeiro