quinta-feira, 7 de maio de 2009

Veja as principais alterações da reforma ortográfica

Confira abaixo as principais alterações
K Y W
O alfabeto passa a ter 26 letras. O “k”, o “y” e o “w” voltam a fazer parte da língua portuguesa. Elas eram consideradas letras estrangeiras desde a reforma ortográfica de 1943.
LINGÜIÇA / LINGÜIÇA
Não se usa mais o trema. Ele permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas, como em “Müller” e “mülleriano”. “Lingüiça” passa a ser “linguiça”.
ÉI / EI ÓI / OI
Não se usa mais o acento nos ditongos abertos “éi” e “ói” nas palavras paroxítonas. “Alcatéia” fica “alcateia”, “platéia” vira “plateia”, “jibóia” passa a ser “jiboia”, “idéia” será “ideia”. O mesmo ocorre com “heróico” (“heroico”), “jóia” (“joia”) e “geléia” (“geleia”).
ÉIS ÉU ÉUS ÓI ÓIS
A regra anterior é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em “éis”, “éu”, “éus”, “ói” e “óis”. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféus.
IÚ / IU
Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no “i” e no “u” tônicos quando vierem depois do ditongo. Essa regra engloba pouquíssimas palavras da língua portuguesa. Exemplos: “feiúra” vira “feiura”, “baiúca” será “baiuca”, assim como “bocaiúva” que passa a ser “bocaiuva”.
UÍ IÚ IÚS
Se a palavra for oxítona e o “i” e o “u” estiverem no final, formando um hiato, sozinho ou seguido de “s”, o acento permanece. É o caso de Piauí, tuiuiú e tuiuiús.
ÔO / OO ÊE / EE
As vogais “e” e “o”, quando dobradas, não serão mais acentuadas com circunflexo. Assim, “abençôo” passa a ser “abençoo”, da mesma forma que “enjoo” e “voo”. A mesma regra vale para a terceira pessoa dos verbos “crer”, “dar”, “ler” e “ver”, que passam a ser simplesmente “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
PÁRA / PARA
O acento diferencial deixará de existir em “pára” (verbo parar), “péla” (verbo pelar), “pêlo” (substantivo), “pólo” (substantivo), “pêra” (substantivo). No entanto, o acento permanece em “pôde” (para diferenciar do presente “pode”) e em “pôr” (verbo) para diferenciar da preposição “por”.
TEM / TÊM VEM / VÊM
Permanece o acento que diferencia o singular do plural nos verbos “ter” e “vir”, e seus derivados. “Ele tem eles têm”; “ele vem eles vêm”; “ele mantém eles mantêm”; “ele convém eles convêm”.
FORMA / FÔRMA
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras “forma” e “fôrma”, que hoje não existe no Brasil. Em alguns casos, o uso do acento fica mais claro: “Qual a forma da fôrma do bolo?”.
ARGUIR
Não se usa mais o acento agudo no “u” tônico da segunda e terceira pessoas do singular dos verbos “arguir” e “redarguir”, assim como na terceira pessoa do plural. “Tu argúis” vira “tu arguis”; da mesma forma que “ele argúi” passa a ser “ele argui”; “eles argúem” será “eles arguem”.
ÓPTIMO DIRECTOR
No português lusitano, deixaram de existir as letras que não são pronunciadas, mas, por um questão de etimologia, permaneciam nas palavras. É o caso de “óptimo”, “director”, “acção”, “afectivo”. Essas palavras passam a ser escritas como são no Brasil: “ótimo”, “diretor”, “ação”, “afetivo”.
AMÁMOS / AMAMOS
A primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos “amar” e louvar” (“Na época da guerra, nós nos amamos”/ “No mês passado, nós louvámos todos os santos”) pode ou não receber o acento agudo, para distinguir-se da primeira pessoa do plural do presente do indicativo (“Atualmente, nós nos amamos muito”/ “Hoje nós louvamos todos os santos”). Dessa forma, passam a ser corretos, no passado, tanto “amámos” quanto “amamos” (“Na época da guerra, nós nos amámos” ou “Na época da guerra, nós nos amamos”).
GÊNERO / GÉNERO
Algumas palavras possuem pequenas variações na forma como são pronunciadas no Brasil e nos demais países lusófonos. Nesse caso, duas formas serão consideradas corretas. Exemplos: “fenómeno/fenômeno”, género/gênero, António/Antônio, ténis/tênis, pénis/pênis.
ANTI- CO- SOBRE- GEO-
Muitas regras do hífen serão alteradas. Ele sempre será usado após prefixos, diante de palavra iniciada com h. Exemplos: “anti-higiênico”, “co-herdeiro”, “sobre-humano”, “geo-história”, “contra-harmônico”. Não se usa o hífen, no entanto, em formações que contêm, em geral, os prefixos “des” e “in”. É o que ocorre em “desumano” e “inábil”, por exemplo.
AEROESPACIAL
Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal diferente daquela com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: “aeroespacial”, “agroindustrial”, “anteontem”, “extraescolar”, “infraestrutura”, “autoescola”, “antieducativo”, “semianalfabeto”, “semiaberto”, “antiáreo”. A exceção é o prefixo “co”, que em todos os casos é escrito sem hífen: “coobrigação”, “coocupante”, “cooperação”, “coprodução”. Se o primeiro elemento terminar com a vogal com o qual se inicia o segundo, o hífen deve ser utilizado. É o que vai ocorrer com “micro-ondas”, “micro-ônibus”, “semi-internato”, “contra-almirante”, “anti-imperialista”, “anti-inflamatório”.
ANTI SEMI MICRO
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por uma consoante. É o caso de “anteprojeto”, “antipedagógico”, “geopolítica”, “semicírculo”, “semideus”, “microcomputador”, “pseudoprofessor”. Quando o segundo elemento começar com “r” ou “s”, essas letras serão duplicadas: “antirrábico”, “antissocial”, “contrarregra”, “contrassenso”, “semirreta”, “ultrassom”, “minissaia”, “minissérie”, “biorritmo”.
HIPER SUPER INTER
Quando o prefixo terminar com uma consoante, só usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma letra. Exemplos: “hiper-requintado”, “super-racista”, “sub-bibliotecário”, “inter-regional”. Nos demais casos, não se usa o hífen: “hipermercado”, “superinteressante”, “superproteção”, “hiperacidez”, “interestadual”. Com o prefixo “sub”, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por “r”: “sub-região”, “sub-raça”. Já com os prefixos “circum” e “pan”, será usado o hífen diante de palavras iniciadas com “m”, “n” e vogal. É o caso de “circum-navegação”, “circum-escolar”, “pan-americano”.
EX- SEM- RECÉM-
Com os prefixos “ex”, “sem”, “além”, “aquém”, “recém”, “pós”, “pré”, “soto”, “sota” e “pró”, o hífen será sempre usado. É o que ocorre em “ex-hospedeiro”, “ex-presidente”, “sem-terra”, “sem-vergonha”, “além-mar”, “aquém-mar”, “recém-nascido”, “pós-graduação”, “pré-vestibular”, “soto-mestre”, “pró-americano”. Nos casos dos prefixos “pró”, “pré” e “pós”, em algumas palavras, o segundo elemento já está, por tradição, aglutinado ao primeiro. Nesses casos, continua-se a não usar o hífen: “preconceito”, “promover”, “prever”, “pospor”.
TUPI-GUARANI
Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani “açu”, “guaçu” e “mirim”. Exemplos: “amoré-guaçu”, “anajá-mirim”, “capim-açu”, Moji-Mirim (apesar dessa ser a forma correta do ponto de vista gramatical, com “j”, convencionou-se grafar o nome da cidade paulista com “g”).
PARAQUEDAS / PÁRA-QUEDAS
A regra mais controversa do novo acordo envolve o uso do hífen. Ao explicar o uso do sinal em palavras que não envolvem a utilização de prefixos e sufixos, o texto do acordo diz que ele não será usado quando os dois elementos que compõem a palavra já perderam a noção de composição, o que é muito subjetivo. Nesse caso, gramáticos indicam que o melhor é esperar a publicação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras (ALB), que será lançado entre fevereiro e março. O texto do acordo dá apenas seis exemplos para este caso: “girassol”, “madressilva”, “pontapé”, “paraquedas” (na regra antiga “pára-quedas”) e “paraquedista”. O hífen continua a ser usado em palavras em que dois termos formam uma mesma unidade semântica: “ano-luz”, “azul-escuro”, “sul-africano”, “norte-americano”, “tio-avô”.